Orçamento analítico ou detalhado Parte II
Nesta segunda parte vamos abordar sobre o levantamento de materiais utilizados para a vedação de ambientes, traços de argamassa e também a sobre a cobertura.
Lembrando que este post serve apenas para fornecer diretrizes para elaboração de um orçamento.
ALVENARIA
Para o levantamento da área de alvenaria geralmente cada orçamentista analisa de forma diferente o projeto a ser orçado. O cálculo é simples basta somar todos os comprimentos das paredes e multiplicar pelo pé-direito da edificação, porém normalmente não se desconta vãos até 2m², por exemplo, portas com 0,8 m x 2,1 m que tem 1,68 m² são inclusos como área de alvenaria, e aberturas superiores a 2m² é descontado apenas o que exceder aos 2m², por exemplo, se uma janela tem um vão de 2 m x 1,5 m totalizando 3 m², devemos desconsiderar apenas 1 m² da área total de alvenaria.
Com a área total podemos definir a quantidade total de blocos e também de argamassa de assentamento para a edificação, para isso precisamos em primeiro lugar saber quais as dimensões do bloco (figura 01) que será usado para fazer a vedação dos ambientes, também temos a necessidade de saber a espessura da fuga horizontal e vertical aplicada no bloco (figura 02).
Figura 01.
Figura 02.
Com essas informações podemos utilizar a fórmula abaixo que fornece a quantidade de blocos por m²:
N = 1
(c+eh) x (h+ev)
Para calcular a quantidade de blocos total basta multiplicar o N pela Área de alvenaria.
VOLUME DE ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO
Já para o cálculo do volume de argamassa de assentamento em m³ por m² utilizamos a formula abaixo:
V = [1 – N x (c x h)] x L
Para calcular o volume total apenas multiplicamos o V pela Área de alvenaria.
TRAÇO DE ARGAMASSA
Chapisco: O chapisco tem a função de ajudar na impermeabilização das paredes, além de aumentar a área de contato para fornecer aderência necessária para a fixação de outras camadas de revestimento. A argamassa deve ser constituída de cimento e areia média ou grossa, na proporção de 1:3 ou 1:4 em volume, bastante fluída.
Seu consumo por m²: Cimento = 2,25 kg e Areia = 0,0053 m³.
A superfície deve estar previamente úmida.
Emboço: O emboço é aplicado após a cura do chapisco que leva em torno de 24 horas, ele é composto de uma argamassa mista de cimento, cal e areia média ou grossa e sua proporção varia conforme a superfície a ser aplicada, o mais comum é utilizar o traço 1:2:9 com espessura de 1,5 cm, podendo haver variações conforme a tabela abaixo:
Tabela 01.
Reboco: O reboco é aplicado após o chapisco e ao emboço, é composto geralmente por uma argamassa de cal e areia fina no traço 1:2 com uma espessura de 2mm a 5mm, podendo sofrer variações de seus materiais conforme a tabela abaixo:
Tabela 02.
Azulejo: Para obtermos a quantidade de azulejos necessários para um cômodo em primeiro lugar devemos saber se o tipo de ambiente e a altura do pé-direito da edificação, pois em alguns cômodos como lavabos, cozinhas e lavanderias podem ser assentados azulejos até a meia altura visando economia.
Os azulejos são comprados por m², para retirar seu quantitativo devemos multiplicar o comprimento da parede por sua altura, acrescenta-se ao total 5% para recortes.
O assentamento deve ser em argamassa de cimento e areia, no traço 1:3, ou com argamassa colante que tem seu rendimento em torno de 4m²/sc, neste caso as paredes não são rebocadas.
Também devemos levar em consideração para este tipo de revestimento a inclusão dos rejuntes que tem seu rendimento em torno de 300g/m².
PISO
Antes de aplicar qualquer piso é necessário uma preparação do terreno com brita graduada com espessura de 3 cm e um lastro de concreto magro com cerca de 5 cm. Após a execução deste piso, é necessário uma camada de regularização, também chamada de contrapiso com cerca de 2 cm de espessura, essa camada pode ser substituída no caso das cerâmicas por argamassa colante. Os pisos em geral são vendidos por m², para levantar a quantidade necessária basta multiplicar a largura pelo comprimento da peça, acrescentando a perda do material e dependendo do caso também o rodapé. Para pisos cerâmicos as perdas podem chegar até a 10% dependendo do material e do tipo do assentamento.
LAJES
Existem vários tipos de lajes, cabe ao engenheiro responsável escolher a melhor para cada obra, em geral para construções com até quatro pavimentos utilizam-se lajes pré-moldadas ou nervuradas, pois apresentam uma boa relação custo/benefício, acima de quatro pavimentos, por fornecer uma maior rigidez, é viável o uso de lajes maciças e nervuradas, sendo a segunda com mais vantagens do ponto de vista financeiro e agilidade na execução. Existem outras tecnologias para execução de lajes como as utilizam protensão, por exemplo, lajes alveolares e protendidas.
As lajes pré-moldadas tem seu preço por m², e devem ser acrescentados do seu material de enchimento que é vendido por unidade. Para o enchimento das lajes é utilizado o EPS que é fornecido geralmente em dois tamanhos: 1,25 m x 0,30 m e de 1m x 0,30 m. Também ainda são utilizados, porém em menor escala as lajotas, que em geral rendem 15 pçs/m².
Ainda para as lajes devemos acrescentar a capa de concreto que pode variar de laje para laje, sendo sua espessura mínima de 3 cm.
FORRO
Atualmente os materiais mais utilizados para execução de forros são: PVC, gesso, madeira. Alguns são vendidos em m² como o PVC e madeira e outros são comercializados por placa. Em ambos os casos temos que levar em consideração a estrutura para sua fixação, em geral é executado o tarugamento, que consiste em uma estrutura de madeira, ou perfis de alumínio dependo do tipo de material a ser utilizado.
COBERTURA
O telhado é composto pela estrutura, em geral de madeira, e a cobertura que pode ser executada com diversos materiais sendo os mais comuns as telhas cerâmicas, de fibrocimento e de concreto.
A estrutura de madeira pode ser executada de várias maneiras, a mais comum consiste na montagem de tesouras onde são apoiadas as terças, os caibros e as ripas e posteriormente as telhas. As bitolas e o tipo de madeira podem variar conforme o espaçamento entre as tesouras e o tipo de telha utilizada.
Para telhas cerâmicas, que são a grande maioria dos casos temos o seguinte:
Ripas: Responsáveis por receber as telhas, normalmente apresentam seções de 1/2” x 2” ou de 1” x 2”, seu espaçamento depende do tipo de telha, porém para efeito de cálculo costuma-se utilizar um espaçamento de 35 cm.
Caibros: São dispostos perpendicularmente às ripas para apoiá-las, podem ser utilizados bitolas como 2” x 2” até 2” x 4” e seu espaçamento varia entre 50cm a 80 cm.
Terças: Recebem as cargas dos caibros e transmitem as tesouras, seu espaçamento é em torno de 1,5m, e sua bitola é de 6 cm x 12 cm ou de 6 cm x 16.
Figura 03.
Tesouras: As tesouras são responsáveis por transmitir toda a carga do telhado para a estrutura da edificação, o espaçamento entre tesouras varia de 2m a 4m, como apresentam diversos elementos, também costumam apresentar diversas bitolas.
Perna: Varia entre 6 cm x 12 cm até 6 cm x 16 cm, dependendo do vão e do tipo de madeira.
Escora: Utiliza geralmente as mesmas bitolas da perna ( 6x12 ou 6x16).
Pendural: Em geral utiliza-se duas madeiras, pregando-as uma de cada lado da tesoura, sua bitola é de 3 cm x 12 cm.
Tirante ou linha: É comum utilizar 6 cm x 12 cm.
Figura 04.
Telhas: Hoje em dia são muito utilizadas telhas de cerâmica, concreto, fibrocimento e shingle. As telhas podem ser compradas por unidade como as cerâmicas ou por m² como no caso da shingle.
Para sabermos a área total inclinada de um telhado podemos utilizar a tabela a seguir que nos fornece um coeficiente em função da declividade do mesmo, assim basta multiplicar a área do telhado em projeção pelo fator encontrado na tabela abaixo.
Assim podemos calcular com mais exatidão a quantidade de telhas necessária para cobertura, devemos considerar 10% a mais para as perdas.
A quantidade varia conforme o modelo da telha, pois cada uma tem um rendimento próprio.
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