Gestão de custos em projetos de Engenharia Civil

29/12/2012 15:44

            No post de hoje vamos compartilhar um artigo elaborado e apresentado no VIII Encontro Anual de Produção Científica da UNIUV – 2011 pelos acadêmicos Rafael D. Malucelli e Ricardo Wollinger;

 

Para fazer o download do Power Point da apresentação aqui.

 

RESUMO

 

O presente artigo tem como objetivo geral analisar a necessidade da gestão de custos em projetos de engenharia civil, e discutir sobre dificuldades encontradas para a implantação e implementação de um sistema de gestão de custos. Para isso, foi elaborada uma pesquisa secundária, bibliográfica e exploratória realizada em livros onde foi conceituado projeto em engenharia civil, etapas de seu desenvolvimento, análise de riscos e gestão de custos na mesma. A pesquisa foi realizada de forma qualitativa visando melhor entendimento do trabalho. São estabelecidas leis de custos que permitem inferir que o custo de um projeto não depende apenas da taxa de produção. Concluindo, é salientada a importância da Gestão de Projeto com respeito à procura de soluções dinâmicas e inovadoras aos problemas produtivos mais importantes desta era do conhecimento.

 

Palavras-chave: gestão de custos, análise de riscos, projetos, engenharia civil.

 

1 INTRODUÇÃO

 

            Independente do setor em que a empresa opera, o cenário econômico contemporâneo exige que, cada vez mais se faz necessário, a criação e a elaboração de novos meios para a redução de custos. Assim, empresa consegue manter-se de forma sustentável no mercado. Quando se trata de projetos da construção civil um dos pontos críticos está na gestão dos custos. Todas as atividades devem ser avaliadas, assim como o limite de tempo de duração para que a organização consiga reduzir os custos de produção. Envolve a gestão de pessoas, recursos financeiros, materiais e equipamentos e, as etapas de desenvolvimento do projeto, análise de riscos, gestão de custos, estudo de viabilidade, análise de orçamentos, softwares, implantação, implementação e conclusão do projeto de construção civil.

            Foram definidas as etapas de um projeto para que ficasse melhor entendido o gerenciamento de custos em cada etapa de um projeto. Para que uma empresa seja competitiva no mercado, necessita de um gerenciamento de qualidade e eficiente.

 

2 ANÁLISE DE ORÇAMENTOS DIFERENCIADOS E RISCOS PARA O SEGMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

 

2.1 CONCEITO DE PROJETO EM ENGENHARIA CIVIL

 

            Segundo Keelling (2002) projeto é “Um esforço temporário empreendido para criar um produto ou serviço único”.

            Na perspectiva de Casarotto Filho (2002), a administração de projetos melhora a competitividade das empresas. E, Lima (2002) complementa, afirmando que ao longo do tempo a empresa está apta a desenvolver programas de redução de custo, de tempo de entrega e ganho de qualidade que consequentemente aumenta a confiabilidade, assim como uma maior flexibilidade nas decisões e o surgimento de inovações tecnológicas.   

            Isto quer dizer prazos limitados, custo reduzido para se criar um produto ou um serviço que difere dos demais.

            Projeto não é uma metodologia contemporânea, existem registros desde os primórdios dos tempos, porém o que mudou para o mundo atual foi o foco dos aspectos abordados (CLELAND, 1978).

            Antigamente a importância dos custos e dos prazos para a entrega dos projetos era secundarias, o que se considerava era a beleza, durabilidade da estrutura e qualidade de mão de obra (KEELLING, 2002).

            Hoje um projeto bem administrado tem que ter um custo reduzido, menor prazo de entrega além dos aspectos abordados acima.

            Segundo Hayes Jr. (1973) os projetos contemporâneos apresentam algumas características comuns:

  • São empreendimentos independentes;
  • Possuem propósitos e objetivos distintos;
  • Duração limitada;

            E a grande maioria dos projetos apresentam também:

  • Datas determinadas para inicio e conclusão;
  • Recursos Próprios (incluindo financeiro e humano)

            Para Keelling (2002) a maior parte dos projetos bem sucedidos passa por um ciclo de vida, ou seja, passa por etapas. São elas:

  1. Conceituação
  2. Planejamento
  3. Implementação (execução);
  4. Conclusão

 

2.1.1 Etapas do desenvolvimento de projeto em engenharia civil

 

            Borges (2009) descreve as etapas da seguinte maneira:

  1. Conceituação: É a abordagem principal, em suma é o primeiro contato com o cliente, aonde o mesmo expõe suas idéias para o engenheiro. Nessa etapa cabe ao profissional fazer algumas perguntas, como: o que o cliente deseja ter em sua obra e qual a verba disponível para a construção. Também entram nessa etapa um rápido croqui da planta e uma visita ao terreno (para conferência de medidas, inclinação do terreno, etc.)  
  2. Planejamento: Nesta etapa o engenheiro deve fazer o anteprojeto, se o cliente estiver de acordo e aceitar o mesmo deve-se passar adiante, desenhando assim os projetos que se fazem necessários. Após tudo terminado entra a parte burocrática, onde se leva os projetos feitos para aprovação na vigilância sanitária, prefeitura do município e o corpo de bombeiros se for preciso.
  3. Implementação: É onde começa a obra propriamente dita. Devem ser checados certos detalhes para o inicio da obra, tais como, ligação de água e luz, e se necessário um barracão para armazenar materiais. Depois de feito isso é dado inicio na fundação da obra, locação de estacas e blocos. A sequência é o levantamento das paredes, onde deve-se deixar espaços para colocar as portas e janelas. E por fim a cobertura da casa.
  4. Conclusão: como o próprio nome diz é o término da obra, onde são feitos os últimos retoques, como instalação elétrica, pintura e acabamento. Após isso só entregar a obra para o cliente.

 

 

2.2 ANÁLISE DE RISCOS,GESTÃO DE CUSTOS E ESTUDO DE VIABILIDADE NA CONCEITUAÇÃO DE PROJETOS DE ENGENHARIA CIVIL

 

 

            Todos os projetos apresentam diversos tipos de riscos, alguns apresentam risco de alto impacto, que pode até interferir no objetivo do projeto ou até determinar o insucesso do mesmo. Porém outros apresentam apenas riscos de menores graus o que facilita a eliminação (CLELAND , 1978).

             Para Hayes Jr. (1973) a administração de riscos é um processo constante na engenharia, é importante prevê-los e eliminá-los. Para isso basicamente são necessárias quatro etapas:

  1. Identificação
  2. Avaliação
  3. Analise
  4. Eliminação

            Após identificar os riscos de um projeto é necessário classificá-los quanto seu grau de impacto. Ao classificarmos um risco em alto grau de impacto durante sua implementação, é preciso analisar estratégias para que se possa diminuir o impacto e não interferir no objetivo final do projeto, também verifica-se quanto a probabilidade de algum outro fator ter sobre os riscos avaliados.

            Quanto antes for analisado e eliminado os riscos, menor a possibilidade de ter ameaças na hora da implementação do projeto, consequentemente menos dinheiro será gasto e tempo desperdiçado (KEELLING, 2002).

            Uma das estratégias que pode ser utilizado com êxito é o estudo histórico de projetos que tiveram o mesmo tipo de risco e qual a estratégia utilizada para diminuir o seu impacto.

            Além dos estudos dos riscos o estudo sobre a viabilidade do projeto deve fornecer outros itens, que servem como base do projeto, entre eles encaixa-se o orçamento.

 

2.2.1 Análise de orçamento em casos diferenciados

                             

            Para toda obra é necessário um planejamento, dentro deste planejamento uma das partes fundamentais é o orçamento da obra, ou seja, no seu término quanto irá custar. Em geral é muito difícil de ter um valor exato de quanto à obra irá custar, mas para se aproximar da realidade e o valor ser mais coerente possível faz-se necessário seguir alguns passos segundo Borges (2009):

1º Deve-se fazer um estudo prévio: para essa etapa deverá ser levado em consideração o tamanho e o padrão da obra. Após conversar com o seu cliente sobre isso, cabe ao engenheiro responsável calcular os chamados custos diretos.

2º Calculando os custos diretos: nesta etapa o engenheiro já tem conhecimento de como será sua obra, podendo assim calcular o quanto de material irá usar, o tamanho da equipe de trabalho e os equipamentos que serão usados na obra. É muito importante nesta etapa que esses valores sejam CALCULADOS, pois o chute, o arredondamento e o coeficiente de segurança elevado são recursos inviáveis para um bom orçamento. Entram também nessa parte os encargos sociais sobre a sua equipe de trabalho e as perdas de material (que variam de material para material).

3º Despesas indiretas: as despesas indiretas são aquelas referentes a administração da obra, ao canteiro, tapumes, transporte, alimentação, os mensalistas, contas de telefone, água, luz, xerox, etc. As variações dessas despesas, em geral, não influem proporcionalmente na produção. Nesta etapa é onde se calcula o BDI (bonificação e custos indiretos), o BDI é calculado sobre os custos diretos e indiretos. Para o cálculo é necessário levar em consideração os impostos, os riscos de empreendimento, e finalmente, a bonificação ou lucro da construtora.

 

2.2.2 Softwares

 

            Para facilitar os orçamentos existem alguns softwares que auxiliam o cálculo. Basicamente eles funcionam da mesma maneira, a única diferença é a exatidão dos resultados. Alguns softwares são especializados em calcular apenas uma coisa, como por exemplo, o BDI. (KEELLING, 2002)

            Existem vários tipos de softwares, há alguns no mercado em que possuem uma grande base de dados, que são atualizados mensalmente conforme a variação da inflação econômica do país. Nestes também são considerados o valor da mão de obra de diversos profissionais que estão envolvidos nas obras, podendo assim incluir o orçamento não só de materiais mas também o da mão de obra.

            Um método prático e eficiente para se calcular é usando planilhas do excel. Um ponto em comum entre todos, é que eles precisam de alguém que insira os dados corretamente, portanto é necessário um responsável técnico qualificado, o software em si serve apenas como auxílio.

 

2.3 GESTÃO DE CUSTOS EM PLANEJAMENTOS DE PROJETOS NA ENGENHARIA CIVIL.

 

            Há muitas causas que levam um projeto a estourar seu orçamentos previsto, mesmo a fase de conceituação e o estudo de viabilidade sendo bem feitos, ainda há chances de que o orçamento previsto seja ultrapassado, uma administração ineficiente durante a implementação do projeto pode acarretar vários danos ao bolso do proprietário.

            Para isso antes da implementação é necessário elaborar uma planilha que sequencia os eventos do projeto. Um pouco de experiência ajuda nesta parte, pois é importante que todas as etapas sejam descritas numa sequência e também o tempo para que cada etapa seja cumprida, nesta parte é importante colocar um coeficiente de segurança caso fatores externos possam influenciar em algumas etapas, como a chuva e outros intempéries.

            É importante que se dedique um tempo para elaboração desta planilha, pois algumas etapas são dependentes de outras para serem cumpridas e os atrasos de etapas importantes influenciarão no custo do projeto. Há que se fazer uma supervisão constante do que foi programado, de preferência por um profissional devidamente qualificado que conheça o grupo que está trabalhando e que mantenha a motivação do grupo em alta para que obtenha sucesso no cronograma especificado.

            Deve-se contatar os fornecedores para verificação do estoque de materiais , depois disso conferir sua disponibilidade em relação à entrega e eventuais trocas.

            O armazenamento dos produtos e materiais também tem que estar de acordo com suas respectivas especificações, para isso, deve-se sempre contar com uma equipe técnica que tenha conhecimento dos materiais que serão utilizados durante o projeto.

 

2.4 IMPLEMENTAÇÃO E ECONOMIA NA IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS

 

            Durante a implementação do projeto que acaba acontecendo os maiores prejuízos e gastos sem necessidade. Muitas vezes nem o próprio engenheiro responsável toma consciência do que está ocorrendo na obra (CLELAND, 1978).

            O sucesso de um projeto depende diretamente da equipe, porém hoje na construção civil está se tornando muito difícil achar mão de obra qualificada devido à expansão muito rápida do mercado.

            Se não houver treinamento para estas pessoas, ou houver uma má qualificação, é de todo certo que haverá algum desperdício de material, ou algum detalhe durante a construção não será feito de forma correta, assim teremos grandes prejuízos.

            Por isso destaca-se a importância de um profissional de qualidade que tenha conhecimento suficiente para utilizar materiais com o máximo de aproveitamento possível.

     

2.5 CONCLUSÃO DE UM PROJETO

 

            Durante a conclusão do projeto e obra é vital que o responsável descarte o maquinário como proposto, verifique se a sobra de material ficou dentro do planejado, sem excessos ou desperdício, é importante que o cliente esteja 100% satisfeito com a forma administrativa do projeto.

            Ao avaliar o projeto inteiro é necessário que todos os aspectos sejam avaliados com imparciabilidade, para que se aprenda com os erros cometidos e não fazê-los novamente.

 

3 CONCLUSÃO

 

            Concluímos assim com este artigo que a gestão de custos em projetos na construção civil é um processo de suma importância para diversas empresas e cooperativas do seguimento, mantendo-se assim competitivas, obtendo maiores lucros e diminuindo as despesas finais da obra.

            Existem softwares e bancos de dados que facilitam os orçamentos, porém devem ser utilizados de forma racional, por alguém que entenda os dados que o programa está fornecendo para que o resultado seja o mesmo que o cálculo a mão.

            O devido processo passa por várias etapas, que se forem negligenciadas passam a ter impacto sobre o custo e tempo no produto final do projeto. A equipe de trabalho também tem que estar ciente de todas as ações ocorrentes no projeto e implantação da obra para que o resultado do projeto em si seja homogêneo e o esperado desde o começo.

 

4 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

 

BORGES, A. Pratica de pequenas construções. volume I. 9ª ed. São Paulo – SP. Editora Blucher, 2009.

BORGES, A. Pratica de pequenas construções. volume II. 9ª ed. São Paulo – SP. Editora Blucher, 2009

CASSAROTTO FILHO, N. Projeto de Negócio: Estratégias e Estudos de viabilidade. São Paulo: Editora Atlas, 2002.

CLELAND, David I. Análise de sistemas e administração de projetos. 3ª ed. São Paulo – SP. Estação liberdade, 1978.

HAYES JR., Samuel P. A avaliação de projetos de desenvolvimento. Rio de Janeiro. Fundação Getúlio Vargas, 1973.

KEELLING, Ralph. Gestão de projetos uma abordagem global. São Paulo – SP.  Saraiva, 2002.

LIMA, MÁRCIO B. DA F. Groupware, uso das Tecnologias da Informação e Organização do Trabalho: Contribuições à Economia da Inovação. Tese de Doutorado. Florianópolis: UFSC, 2002.

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